O acaso

  Sou cético por natureza, não acredito em quase nada e desconfio de praticamente tudo. Mas acredito no acaso, não na sorte, no acaso não nas probabilidades, no acaso e não no destino. Imagino o acaso como um único deus onividente e onipresente que vez ou outra por estar com tédio, decide apoiar sua mão nos ombros da humanidade e nos presenteia com uma dádiva ou uma tragédia. 

  Ele lança uma moeda para cima e escolhe nosso rumo. Mas na maioria das vezes ele apenas senta e nos observa, pois o que acontece de fato em nossas vidas quando ele não age? Afinal os acontecimentos não são pequenos frutos de muitas sementes que plantamos no decorrer de nossa existência por decorrência de nossas ações e decisões?

Até mais

  E no final tudo que realmente importava era o meio, por que o início, agora se tornava apenas uma lembrança.

Sentimentos

  Sabe aquele tipo de pessoa que nem te conhece e já começa a desabafar falando da vida, dos problemas pessoais e até da própria intimidade? Pois é, talvez a esmagadora maioria hoje em dia sofre de uma carência tão grande que não importa se você não liga para o que estão falando. 

  Mas para mim falar de meus sentimentos não funciona, simplesmente não consigo. As vezes criamos mecanismos internos que nos ajudam a suportar e resolver questões pessoais, as vezes esses mecanismos nos sabotam e nos fazem escrever um blog que ninguém vai ler.... que loucura!

Sinto muito

  É muito dificil chegar a este ponto e conseguir enchergar o que é preciso de fato fazer. Mas eu sinto muito! A todas as almas que um dia quiseram meu mal e que fizeram algo desse tipo a minha pessoa, hoje não será mais possível, pois me tornei alguém que não sente quase nada por tudo que vivi e passei. E ficará apenas na memória um eu que sentia tudo com tanta intensidade, que hoje sentir pouco se tornou uma armadura tão eficaz que talvez tenha se tornado primordial para minha própria sobrevivência.

Descalço

  Ando à esmo sem saber para onde vou. A estrada é sombria com uma névoa densa, tão densa que eu poderia tocá-la com minhas próprias mãos trêmulas e suadas de medo.

Encarcerado

  Caminho pesaroso dentre a multidão de fantasmas, centenas deles seguindo seus caminhos diários e rotineiros. Perguntou-me se me tornei um deles depois de tanto tempo. Talvez o simples fato de eu ter consciência disso me faça ser diferente? Ou estar preso aos grilhões de uma vida monocromática como essa me faça ser exatamente como eles?

Pavor

  Olho para trás e não vejo mais a criatura, ela me persegue e sinto que me vigia o tempo todo, mesmo que seja de muito longe. Ela se move sorrateiramente pelas sombras. Ela têm muitos olhos, pernas, braços e sua boca escancarada com seus dentes sedentos por sangue e morte, ela é a descrição do mais puro pavor.